A luta contra a dengue é uma tarefa de todos e, nessa batalha contra o mosquito, os agentes de combate a endemias (ACEs) desempenham um papel fundamental. São eles que atuam na linha de frente na prevenção e no controle da proliferação do Aedes aegypti. Atualmente, Contagem conta com 222 agentes de combate às endemias. Eles são responsáveis por diversas funções no controle vetorial para zoonoses. No caso da dengue e de outras arboviroses, eles orientam e conscientizam a população, realizam vistorias em residências, identificam os pontos que possam servir de criadouros para o mosquito e eliminam os possíveis focos.
A Secretaria de Saúde de Contagem reconhece a importância do trabalho desses profissionais, principalmente, contra a dengue, ajudando a salvar vidas e a reduzir o impacto dessa doença em todo o município. "Os ACEs são verdadeiros aliados na proteção da saúde da população e essenciais na estratégia de enfrentamento da dengue em nossa cidade. Sua atuação vai além da simples fiscalização, pois eles orientam e educam a população, promovem a conscientização e, muitas vezes, são os primeiros a identificar áreas de risco”, afirma o secretário de Saúde, Fabrício Simões.
“É importante destacar que a dengue não é um problema isolado de uma única estação do ano, mas uma ameaça constante, e os ACEs têm sido nossos parceiros na manutenção das ações de prevenção durante todo o ano. Sem o esforço deles, não seria possível garantir a eficácia das campanhas de controle”, completa o secretário.
O mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya se reproduz muito facilmente. Qualquer recipiente que acumule água, como garrafas, embalagens descartáveis, latas, vasos de plantas, pneus e piscinas, entre outros, podem ser utilizados como depósito de ovos. Para evitar essa situação, os ACEs estão aptos a reconhecer esses pontos e tratá-los, caso necessário.
Trabalho porta a porta, realizado pelas ACEs para evitar a proliferação do mosquitos da dengue e de doenças urbanas. Foto: 1 (Fábio Silva) 2 (Janine Moraes)
A diretora da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVZ), Samantha Leão, explica que os agentes trabalham em esquema de mutirão. Os médicos veterinários e/ou coordenadores de território mapeiam e georreferenciam as áreas prioritárias. A partir desse diagnóstico, os ACEs realizam a busca por criadouros no local. Além disso, executam ações educativas para a comunidade.
Para isso, esses profissionais participam com frequência de cursos de capacitação e treinamentos. “Recentemente, tivemos uma capacitação para trabalhar no controle químico vetorial, durante a realização de bloqueio químico. Eles passaram por treinamentos relacionados a controles de roedores, esporotricose, entre outros”.
Vale ressaltar que a ação do controle vetorial para as arboviroses é contínua e ininterrupta. “Trata-se de uma ação que a gente não realiza somente na época sazonal. Ela acontece ao longo de todo o ano, na forma de vigilância e prevenção da doença”, enfatiza a diretora da UVZ.
Borrifação
Felipe Rodrigues de Souza atua como ACE há aproximadamente 17 anos. Atualmente, compõe a equipe de borrifação, que consiste na técnica utilizada para controle químico espacial, capaz de eliminar os mosquitos Aedes aegypti. “Minha função é, juntamente com os meus colegas, borrifar os pontos estratégicos do município. Realizamos ainda as ações de bloqueio de transmissão da dengue nos períodos de alta transmissão. E, quando solicitado, realizo borrifação de combate à febre maculosa, leishmaniose, escorpiões e outros”, diz Souza.
Em períodos sazonais, ele conta que a rotina é totalmente alterada, pois os trabalhos se intensificam para tentar impedir a rápida transmissibilidade dos casos. “É um trabalho que exige a necessidade de horários bem específicos, que se encaixe com o horário de maior circulação do mosquito”.
Dessa forma, o trabalho do ACE se torna ainda mais relevante. “Nossas ações são de suma importância, mas também entendo que só é eficaz com o esforço de toda a população em prol do combate a esse mosquito, que adoece e interrompe muitas vidas”, alerta Felipe.
A borrifação é uma das estratégias adotadas para controle do vetor. Foto 1 (Fábio Silva/PMC) e Foto 2(Ricardo Lima)
Trabalho que vai além
Meire Imaculada Leão Ribeiro atua no município como ACE há 10 anos. Para ela, sua função é de extrema importância na atenção primária. “Por meio do meu trabalho, é possível reduzir a incidência de casos, evitando assim possíveis epidemias e mortes causadas pelas doenças oriundas do mosquito Aedes Aegypti, reduzindo os custos associados ao tratamento e controle da doença”. “Por meio da prevenção, promovemos a saúde e o bem-estar da população, diminuindo os índices de infestação e melhorando a qualidade de vida das pessoas”, completa.
O trabalho vai além das arboviroses. “Ele começa com as salas de espera dentro das UBS, onde são passadas orientações de educação em saúde, levando, aos usuários que aguardam atendimento, estratégias de prevenção a doenças zoonóticas. Depois desse contato com os usuários, saímos para as visitas domiciliares, batendo porta a porta, levando até a população informações e orientações pertinentes à prevenção e ao cuidado com a saúde”.
São nessas visitas que o olhar clínico e observador dos ACEs é tão essencial. “Detectamos possíveis reservatórios ou criadouros do mosquito Aedes aegypti; a presença de animais sinantrópicos, como escorpiões, serpentes, aranhas, roedores e outros; riscos para leishmaniose visceral canina; possíveis situações de maus-tratos de animais, ou mesmo de pessoas; situações de transtorno de acumuladores, em que a situação deve ser encaminhada à atenção primária para tratamento do caso. Assim, trabalhamos com prevenção e saúde”.
Conheça outras atribuições dos agentes no enfrentamento ao Aedes aegypti, de acordo com o Ministério da Saúde: